Não existem obstáculos impossíveis; só existe uma grande força de vontade ou uma falta de força de vontade. Julio Verne

[embed]https://www.youtube.com/watch?v=ORrXCnXzvSU[/embed] Foi difícil terminar esta matéria em momentos de tanta sensibilidade política como os que foram vividos esta semana em Buenos Aires, onde o país que representa a liberdade de expressão na América do Sul enfrentou a sua democracia e exerceu o seu pleno direito de se fazer escutar. E parece que neste ano, este subcontinente teve vontade de se fazer escutar no mundo e de fazer que nossa cultura seja valorizada e respeitada não só pelo estrangeiro, mas também no nosso interior, na singularidade e na diferença de cada país, no que nos une e no que nos diferencia. Quando começamos a trabalhar faz 9 anos na nossa primeira loja de tours em Buenos Aires, era comum ter que explicar aos clientes alguns padrões culturais da Argentina, às vezes como se estivéssemos pedindo desculpas pelos maus hábitos ou por hábitos que atrapalhavam os seus planos de viagem. A verdade é que não funcionava e as pessoas ficavam satisfeitas, ou menos frustradas, ao se encontrar com outras realidades que ninguém podia mudar e que elas tinham que aceitar como são. Depois começamos a trabalhar com o Rio de Janeiro, oferecendo passeios e experiências culturais na cidade. Nunca me esquecerei do cliente americano que frustrado, por varias mudanças ocasionadas por causa da visita do Papa Francisco, reclamava assustado que o destino turístico mais tradicional do Brasil e provavelmente da América do Sul, supostamente acostumado com os grandes eventos como o Carnaval do Rio e tendo sido escolhido como sede da final da Copa do Mundo da FIFA e anfitrião dos jogos Olímpicos, era incapaz de prever imprevistos logísticos. Enquanto isso, nós pensamos como explicar ao nosso cliente que isso se chama jeito carioca e é algo que não podemos mudar, por mais que nós queiramos ser profissionais e padronizar. De qualquer forma nós ficamos tranquilos ao pensar que, talvez, esse mesmo cliente frustrado saiu da praia, tomou um coco gelado ou um chopp no posto 9 e esse mesmo jeito carioca o salvou de voltar pra casa com um dissabor provocado por um clássico choque cultural. Assim, podíamos continuar contando historias que vão de San Andrés até Ushuaia, que vão além deste lindo continente cheio de energia, boa energia, gente capacitada, trabalhadora, honesta, tão diferente e tão parecida, com uma cultura enriquecida pelas imigrações e pela mistura de raças, com uma herança indígena que ainda é difícil recuperar e valorizar, mas que faz parte desta particularidade que queremos transmitir através do que chamamos a experiência de viajar pela América do Sul. Este mesmo experimentar da vida nos levou este ano a passar por momentos difíceis e de muita tensão dos quais foi difícil sair ilesos. Ainda que a política e a economia mundial sofreram com mudanças, aqui tudo se vive com mais intensidade. Enquanto a Colômbia levantou voo e assinou um muito discutido e desgastado acordo de paz, a Venezuela sofreu com um verdadeiro êxodo e nos preparamos para receber muitos vizinhos que deixavam seus lares. O Uruguai enfrentou com convicção os riscos e barreiras de medidas progressistas como a regulação da Cannabis, Brasil saiu de uma situação gerada por dois eventos mundiais no meio de um clima de tensão política doloroso para a sociedade. A Argentina, a sempre vibrante rainha do Sul, se estremecia com as mudanças econômicas e políticas que se refletiram em todas as esferas da sociedade. [caption id="attachment_8408" align="aligncenter" width="675"]Equipo A equipe de Daytours4u prepara-se para as Olimpíadas/ Foto por Daytours4u[/caption]

Apesar disso, nós, agentes e operadores turísticos, continuamos trabalhando com a mesma humildade e resignação, para servir os turistas do mundo que passeiam por nossas ruas e paisagens naturais, admirados com tanta riqueza, assustados com toda a luta e talvez um pouco confusos diante da dicotomia da dor e da felicidade, da carência e da plenitude, da amabilidade e da displicência em que vivemos o dia a dia. Para que esse encontro entre duas culturas, mesmo que sejam vizinhas, termine em uma ruptura do estereotipo e que nenhum turista volte pra casa com a mente igual de quando saiu. E de novo citando a filosofia expressada pelo visionário Julio Verne em cada um dos seus livros de viagens extraordinários, o primeiro especialista em experiências de que tivemos conhecimento, de cada viagem é uma aventura da qual seus protagonistas devem estar marcados pela valentia, a coragem necessária para continuar diante da adversidade e a habilidade para resolver qualquer situação que aparecer no caminho. Mas isso não se faz sozinho, e sim acompanhado de companheiros e companheiras de viagem, temporários ou permanentes, de todas as mãos que interviram ou inclusive os ajudaram em determinados momentos. Neste ano de 2017 os sul-americanos demonstraram coragem e provamos que a união faz a força. Assim foi nossa viagem pela vida este ano, uma forte preparação em equipe para o que vem em 2018, uma só experiência de viagem chamada Daytours4u, que reúne todos estes valores culturais graças aos quais podemos resistir. Graças a este talento humano imensurável que nos acompanha aos operadores que pacientemente continuam caminhando fortes, e aos clientes que depositam sua confiança em nós, conseguimos terminar o ano com não apenas uma, mas sim muitas aventuras que hoje nos faz mais fortes, mais adultos, com mais vontade de aceitar novos desafios e, sobretudo, mais convencidos de que seu próximo destino de viagem tem que estar na América do Sul.

Feliz 2018 e boa viagem!

Escrito por: Nohelia Sánchez, CEO & Cofundadora da Daytours4u