Buenos Aires é uma cidade famosa por suas milongas. Esta palavra, “milonga”, além de denominar a música das duas margens do Rio da Prata (Argentina e Uruguai), é também o espaço onde as pessoas que gostam de tango se reúnem para dançar. É o baile! A cidade tem mais de 150 milongas fixas, ou seja, bailes de tango regulares, que acontecem todas as semanas. Estes espaços estão espalhados pela cidade e quase nunca ostentam placas ou anúncios que os façam identificar facilmente. Muitos deles estão no alto de alguma escadaria que se encontra numa pequena porta no nível da rua. Quem passa pela calçada, nem os percebe... Cada milonga possui sua atmosfera, sua gente, seu dia, seu organizador. E seus códigos, claro. [caption id="attachment_2986" align="aligncenter" width="620"]Milonga Milonga / Fonte[/caption]

Tradicionais

Nas milongas ditas tradicionais ou clássicas as regras são mais rígidas, em geral a faixa etária é mais elevada e a vestimenta formal. O nível de dança e o respeito aos códigos ocupam lugar importante. Nestes ambientes se pode desfrutar de um mundo fascinante de segredos, ritos e símbolos que, à primeira vista podem parecer antigos, mas que sem os quais a dança perderia muito de seu fascínio. Entre as milongas mais concorridas nesta categoria estão Sunderland, Club Canning, La Ideal, Gricel, Sin Rumbo e Floreal, entre outras.

Modernas

As milongas modernas são mais descontraídas, frequentadas por gente jovem, com roupa informal, sem muitas convenções e rituais. Há muito mais liberdade na forma de dançar e também o desejo de experimentar novas possibilidades. O próprio código condutor-conduzido não tem nada a ver com o gênero, ou seja, nestes lugares você pode ver homens dançando com homens e mulheres com mulheres. Entre as mais conhecidas e relativamente estáveis nesta categoria (porque este tipo de milonga abre e fecha com mais frequência) estão La Catedral de Almagro, Tacuari, Domilonga, La Viruta, Tangocool, Parkultural e Cochabamba, entre outras. [caption id="attachment_4594" align="alignnone" width="640"]Milonga Milonga / Fonte[/caption] Entre os dois extremos, existem ambientes em que estes universos distintos se encontram e convivem em harmonia. O que vale para todas – claro – é o bom senso e o respeito aos outros frequentadores. Importante: ainda que diferentes milongas aconteçam em um mesmo espaço físico, elas podem ser bem distintas, dependendo do organizador e de seus frequentadores. Por exemplo, a Maldita Milonga funciona no Buenos Ayres Club nas quarta-feiras, às 22h. Nesse mesmo lugar, às terças-feiras, acontece a Queer Milonga. Nem preciso dizer que o público das duas é bem diferente. Embora muitas milongas estejam consolidadas, como a Sin Rumbo, que tem mais de 90 anos e é a mais antiga de Buenos Aires, outras são bem efêmeras. Lugares que hoje são concorridos e estão na moda, amanhã podem desaparecer. Sempre é bom consultar os sites e revistas especializadas antes de sair de casa. Autora: Gisele Teixeira. Brasileira, jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria e “cidadã do mundo” como se auto descreve. Autora do blog Aqui me Quedo, vive em Buenos Aires há cinco anos e está terminando seus estudos no Centro Educativo del Tango de Buenos Aires. Apaixonada pelo tango, Gisele é nossa blogueira convidada para contar quinzenalmente um pouco mais do tango, suas técnicas, regras e outros segredos! Para ler outros textos de Gisele visite o Aqui me Quedo.